EXPANSÃO PARA O OESTE
1. Introdução
A primeira metade do século XIX na História dos EUA foi marcada pela conquista de territórios em direção ao Oceano Pacífico, conhecida como "a marcha para o Oeste". A população passou de 3.900.000 em 1790 para 7.200.000 em 1810, compondo uma sociedade essencialmente agrária, formada por granjas no Nordeste e grandes latifúndios exportadores no Sudeste.
2. Fatores da Expansão
Vários fatores são colocados para explicar essa
expansão, vejamos a seguir. A imigração nesse período foi muito intensa, vinda
principalmente da Alemanha, Irlanda e Inglaterra, sendo que os motivos para
esse deslocamento está ligado a dificuldades financeiras pelas quais a
população européias passava, os camponeses eram expulsos da terra devido à concentração
fundiária e os artesãos não conseguiam empregos devido à mecanização industrial
nas cidades. No início do século XIX a população norte-americana passava a
contar com cerca de sete milhões de habitantes. Esse crescimento demográfico e
a pequena área do país contribuíram para que se pretendesse ocupar terras a
Oeste, em razão da necessidade de aumentar a produção agrícola e a área
destinada aos rebanhos.
A partir da segunda metade do século XIX a pecuária
chegou a ocupar um quarto do território americano, em terras que se estendiam
do Texas ao Canadá. A descoberta de ouro na Califórnia, em 1848, estimulou uma
corrida em busca de "riqueza fácil", incentivando o deslocamento
populacional. Além disso, a construção de ferrovias, iniciada em 1829, barateava
o transporte. Em fins do século XIX a quantidade de quilômetros de linhas
férreas nos Estados Unidos era maior que a soma de todos os países europeus. Em
1890, a ferrovia ligava a Costa do Atlântico ao Pacífico. a expansão para o
Oeste foi justificada pela doutrina do "Destino Manifesto", que
pregava serem os norte-americanos destinados por Deus a conquistar e ocupar os
territórios situados entre o Atlântico e o Pacífico.
Em 1820, a expansão norte-americana ganha um conteúdo
politizado com a Doutrina Monroe, que inicialmente colocou-se como defensora
das recém-independentes nações latino-americanas ao pronunciar "a América
para os americanos", mas conforme os interesses territoriais dos Estados
Unidos foram ampliando-se em direção ao Oeste e ao Sul, a Doutrina seria mais
bem definida pela frase "a América para os norte-americanos".
3. Leis sobre terras
3. Leis sobre terras
Anterior à independência, os colonos americanos já cobiçavam terras a Oeste. Um dos motivos que levou ao início da luta contra os ingleses foi a Lei de Quebec - parte das Leis Intoleráveis, 1774 -, que proibia a ocupação de terras entre os Apaches e o Mississipi pelos colonos.
Após a independência foi elaborada, pela Convenção da
Filadélfia, a Lei Noroeste (1787), que estabeleceu as bases para a ocupação das
terras a Oeste e a integração dos novos territórios surgidos à União - ao
definir que, quando a população atingisse 5.000 habitantes do sexo masculino em
idade de votar, poderia organizar um Legislativo bicameral e passaria a ter o
direito de um representante no Congresso, sem direito a voto; caso constituísse
uma população livre de 60.000 habitantes, o território seria incorporado à
União como Estado.
As grandes Companhias Loteadoras incorporaram essas
terras e passaram a comercializá-las junto aos pioneiros por um preço bem
reduzido (aproximadamente 2 dólares por hectare). Os pioneiros eram granjeiros,
caçadores ou grandes latifundiários sulistas que estavam interessados em
expandir a cultura algodoeira ou seu rebanho. A postura do governo norte-americano
foi de incentivo à ocupação e, em 1862, o governo Lincoln concedia terras
gratuitamente através do Homestead Act - 160 acres a todos aqueles que a
cultivassem durante cinco anos.
4. Mecanismos de Conquista
a)
Compra de Territórios
Pelo Tratado de Versalhes, 1783, firmado com a
Inglaterra, o território dos Estados Unidos abrangia da Costa do Atlântico até
o Mississipi.
No século XIX, essa realidade se altera
consideravelmente.
Em direção ao Oeste aparece o território da
Louisiana, colônia francesa, que Napoleão Bonaparte - devido às guerras na
Europa e Antilhas, Haiti - negociou com os norte-americanos por 15 milhões de
dólares (1803).
A Flórida foi comprada dos espanhóis, em 1819, por
cinco milhões de dólares. A Rússia vendeu o Alasca aos Estados Unidos por sete
milhões de dólares.
b) Diplomacia
A anexação de Óregon - Noroeste -, colônia inglesa,
região que despertou pouco interesse até 1841, foi cedida aos americanos em
1846.
c)
Guerra
O Sudoeste americano pertencia ao México. A conquista
desse território ocorreu através da guerra.
Em 1821, os colonos americanos passaram a colonizar
esse território com autorização do governo mexicano, que exigiu-lhes a lealdade
e a adoção da religião católica por parte dos pioneiros.
A dificuldade encontrada pelo México na consolidação do Estado Nacional refletiu-se em conflitos internos e no estabelecimento de ditaduras, como a de Lópes de Sant'Anna. Esses fatos impediram um efetivo controle sobre essa região, outrora concedida. Dessa maneira, o Texas estava fadado a compor os Estados Unidos, o que ocorreu em 1845, quando os colonos norte-americanos ali estabelecidos declararam a independência do território em relação ao México e a sua incorporação aos Estados Unidos.
A guerra estendeu-se até 1848, quando foi assinado o Tratado de Guadalupe-Hidalgo, que estabelecia o Rio Grande como linha fronteiriça entre o México e o Texas, além da cessão da Califórnia, Arizona, Novo México, Nevada, Utah e parte do Colorado aos Estados Unidos, por 15 milhões de dólares.
Em 1853, foi completada a anexação de territórios do
México com a incorporação de Gadsden. Metade do território mexicano havia sido
perdida para os Estados Unidos. Lázaro Cárdenas, presidente mexicano
(1934-1940), em relação ao imperialismo norte-americano comentou: "Pobre
México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos".
d) A guerra de extermínio contra os indígenas
As maiores
vítimas da marcha para o Oeste foram os indígenas. Estes encontravam-se em
estágios de pouco desenvolvimento se comparados aos astecas, maias e incas, daí
sua dificuldade para resistir ao domínio e força dos brancos europeus.
Os norte-americanos acreditavam que, além de serem os predestinados por Deus a ocuparem todo o território, deveriam cumprir a missão de civilizar outros povos. Nesse sentido, contribuíram decisivamente para o extermínio da cultura e da pessoa física do indígena.
As tribos do Sul, mais desenvolvidas, proporcionam uma resistência maior à ocupação do branco. No entanto, a única opção das tribos indígenas foi a ocupação de terras inférteis em direção ao Pacífico, até o seu extermínio.
De acordo com o "herói" americano, o
general Armstrong Custer, considerado como o "grande matador de
índios", "o único índio bom é um índio morto".
5 - A política no processo de Expansão
Em 1789, foi eleito o primeiro presidente dos Estados
Unidos, George Washington, que governou o país durante dois quatriênios. Nesse
período, dois grupos políticos disputavam o poder: o Partido Federalista e o
Partido Republicano Democrático, liderados respectivamente por Alexander
Hamilton e Thomas Jefferson, secretários do Tesouro e do Estado, ligados ao
governo de George Washington.
O Partido Federalista defendia um governo com poder centralizado, representando os interesses dos grandes comerciantes, manufatureiros e financistas.
O Partido Republicano Democrático defendia um governo
descentralizado, ou seja, uma maior autonomia para os Estados, como também, uma
maior participação popular nas eleições - eram simpáticos aos ideais da
Revolução Francesa e representavam os interesses dos pequenos proprietários.
O governo de Andrew Jackson (1829-1837, na foto ao lado) foi marcado pela mudança de orientação política. Ligado ao recém-criado Partido Democrático, defendia os interesses dos grandes fazendeiros do Oeste e operários do Norte.
Durante sua gestão foram realizados expurgos de elementos que pertenciam a governos anteriores, processo que ficou conhecido como "sistema de despojos" (Spoil System).
6. Conseqüências da Expansão
A conquista de um vasto território criou condições para o grande desenvolvimento da economia norte-americana.
Em 1912 conclui-se o processo de formação da União,
com a incorporação do Arizona como Estado.
Foi acentuado o crescimento da agricultura,
indústria, comércio, mineração e pecuária. A população cresceu para cerca de
trinta milhões até 1860. Formaram sociedades diferenciadas dentro do país. a
Norte e Leste, surgiu uma poderosa burguesia industrial e comercial, juntamente
com um operariado fabril; ao Sul, predominavam os grandes aristocratas
vinculados ao latifúndio, à monocultura, à exportação e à escravidão; na região
Centro - Oeste, nasceu a sociedade a partir dos pioneiros, marcada pela base
agrícola e pela pecuária.
No entanto, aumentou a rivalidade entre os interesses
díspares de nortistas e sulistas, o que culminou mais tarde em uma guerra
civil.
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